segunda-feira, 10 de junho de 2013

OS PORTUGUESES, FORA DO PAÍS!

Decorrem hoje, em Elvas, as comemorações do Dia de Portugal. 
Muitos se lembrarão do “Dia de São Terreiro do Paço”, em que a data se transformara, durante a última década do “Estado Novo”: num aparato de patriotismo exacerbado, o regime, em loas a quem estava «orgulhosamente só», condecorava as figuras, que lhe mereciam destaque, por diversos feitos, a favor do salazarismo, confundindo este com os reais interesses do Povo, que não era para aí tido, nem chamado.
Entre aos agraciados contavam-se sempre, alguns a título póstumo, centenas de militares, que se tinham destacado em missões heróicas na guerra que o Presidente de Concelho tinha podido evitar décadas atrás, mas que preferira possibilitar. Não vou aqui fazer a análise do que, nessa área, foi proposto e sucessivamente recusado pelo ditador, enquanto punha os carimbos TRAIDOR e COMUNISTA na testa dos proponentes.
E era, e ainda é, sabido a quem exibia esses carimbos.
 
Futuro sombrio, assegurado, pelo caminho traçado.
Hoje, há pequenas diferenças: as celebrações descentralizaram-se, sendo em cada ano efectuadas numa cidade diferente, as forças armadas têm apenas o papel de prestar vassalagem em parada militar, e o Chefe, acompanhado da esposa e dos ajudantes, deixou de vestir de branco, como qualquer cozinheiro, mas apresenta-se no seu fatinho domingueiro, de campónio algarvio, acompanhado da sua Maria, que devido à sua elegância, “qualquer trapinho lhe fica bem”. No mais, poucas diferenças haverá, pelo, que abandonei o déja vue, e vim escrever este desabafo.

Num ponto-morto da cerimónia de Elvas, antecedendo os discursos habituais, a RTP1 transmitiu um trabalho em que entrevistava pessoas que tinham dado novos rumos às suas vidas, algumas, só profissionalmente, outras, também emigrando. De todas a entrevistas, uma frase, entrou-me por um ouvido e… não saiu: “As pessoas, fora de Portugal, sentem-se mais portuguesas!”.

Aparentemente, um cliché, esta frase, na sua simplicidade resume o ponto de chegada comum a três aspectos.
Os nossos queridos dispositores dos nossos destinos, têm-nos desenvolvido condições para nos sentirmos cada vez mais “desnacionalizados” e escravizados por aqueles a quem nos vão vendendo! O escravo acaba por ser um apátrida, situação em que os que permanecemos aqui, cada vez mais, nos sentimos. Portanto, fora de Portugal, não sentindo o jugo a que nos submeteram, sentindo-se livres a pessoas sentem-se ainda Portuguesas.
Todos aqueles que após negociatas, trafulhices, roubos e toda a espécie de aldrabices, que esmifraram a riqueza nacional e se puseram ao fresco, para climas mais propícios, como Cabo Verde, Angola, etc., sentindo-se longe de terem de prestar contas à justiça, sentem-se portugueses, pois estão fortes e vigorosos, por efeito da transfusão de que beneficiaram, a partir do sistema circulatório financeiro de Portugal.
Há quem lhe tenha feito isto!

Por último, percebe-se agora, o que estava na cabeça de quem aconselhou os portugueses a não serem piegas e a emigrarem: o futuro que lhes estava a preparar  não era digno de seres livres; logo, se quisessem continuar a sê-lo, só tinham um caminho a seguir, pirarem-se, e, conseguida uma vida digna lá fora, sentir-se-iam mais portugueses, coisa que pelo encaminhamento a que Portugal estava (e continua) a ser sujeito, seria cada vez menos possível aqui.
O povo Português corre o risco de, à semelhança do Judeu, durante quase dois milénios, ficar privado de território próprio, assumindo nacionalidades alheias, embora o seu sentimento e cultura próprios, que se esforçarão por preservar, os façam sentir-se cada vez mais Portugueses.

Setúbal, 10 de Junho de 2013.
Paulo Eusébio

Este texto foi escrito em Português. Se os “acordistas” o quiserem compreender,  ainda estão a tempo de aprender a Língua Pátria. (Decreto n.º 35:228 de 8 de Dezembro de 1945)

sexta-feira, 7 de junho de 2013

O “AMIGO” E A “PRENDA”

À ATENÇÃO DE TODOS, ESPECIALMENTE DOS MAIS IDOSOS:

Já não é nova, esta situação, mas está actualmente em prática, nomeadamente, na cidade de Setúbal. Vou descrever, resumidamente, quatro ocorrências em que fui envolvido. Não posso precisar datas, mas a primeira ocorreu há mais de 10 anos e a última há cerca de seis meses:
1 – Indo a passar por um carro parado, junto à agência do Sottomayor, na Avenida D. Afonso Henriques, em Almada, com o presumível ocupante junto dele, fui abordado por este indivíduo, que encetou o diálogo:
- Senhor Machête, como está?
Cuidado com os burlões
    (imagem do Google)
- Bem, obrigado!...
- Não se recorda de mim…
- …
- … eu vinha aqui muito, à Agência, quando era pequeno, ter com o meu tio…
- Não me recordo. Nem sei a quem se refere como seu tio…
- O seu colega Oliveira! Sou o sobrinho que, em pequeno, vinha ter com ele muitas vezes…
- Não me lembro de nenhum sobrinho desse meu colega, muito menos que o visitasse…
- É natural. Já passaram uns anos valentes!... mas eu nunca me esqueci de si, mesmo imigrado em França. Voltei há dias e até lhe trouxe uma prenda. (e foi ao carro buscar uma caixa que abriu, na qual se encontravam dois relógios). Um para si e o outro para a sua esposa.
- Muito obrigado, mas nem eu nem a minha mulher iremos usar nenhum desses relógios, porque não necessitamos. Decerto tem mais amigos e talvez se tenha esquecido de lhes trazer qualquer coisa… Cumprimentos ao seu tio!...
E aproveitando o efeito de surpresa, afastei-me do local. O “amigo” entrou no carro e pôs-se a milhas…

Vi que havia algo de errado assim que ele me disse ser sobrinho de alguém que eu sabia não ter qualquer sobrinho, o que me permitiu controlar a situação e escolher o momento melhor para sair do local, quando houvesse gente a passar muito perto de nós…

2 – Próximo do local anterior, também em Almada, na Praça Gil Vicente:
- Machête, estás bom!...
O tipo que se me dirigia aparentava ter aproximadamente a minha idade, era magro, com muito sol responsável pela tez bronzeada, cabelo “máquina três”, grisalho. Trazia na mão um saco de plástico.
- …não te lembras de mim?
- Sinceramente, não…
- Sou o Ferreira, trabalhava aqui nesta Agência, quando tu entraste para o Banco, fui semanas depois para Lisboa. Não te lembras?
- Não, por esse nome só me lembro do colega que entrou depois de mim e que ainda aqui trabalha.
- Pois… já passaram tantos anos e nunca mais nos vimos. Mas tu estás na mesma! Com os anos em cima mas assim que te vi reconheci-te. Olha, fui fazer uma compra na perfumaria, aqui mesmo ao lado da farmácia e ofereceram-me este perfume para senhora (e tirou um embrulho do saco). Eu sou viúvo e não tenho a quem o dar. Leva-o para a tua mulher.
Os idosos são o alvo preferencial
( gravura do Google)
- Eh, pá! Fico agradecido como se aceitasse, mas a minha mulher só usa uma marca de perfumes, que não será essa, Se fosse, seria demasiado cara para ser oferecida como brinde…
E deixei-o de imediato…

Ponto mais fraco da história: Lembrava-me dos nomes de todos os colegas que estavam na agência no meu primeiro dia de trabalho e não havia nenhum Ferreira.

3 – No parque de estacionamento exterior, no Continente, no Fogueteiro, Seixal. Ia a passar por um carro parado, perpendicularmente aos que estavam, estacionados, quando alguém que estava no interior do carro me chamou.
- … Lembra-se do seu colega Augusto que trabalhou consigo na agência do Banco?
- …
-  Sou o sobrinho dele que emigrou para França. Voltei e vou abrir um restaurante, no dia 1. Gostava que fosse um dos primeiros clientes. (e passou a descrever a localização exacta do restaurante, logo ali abaixo, naquela rua, virando à esquerda. É facilmente identificado pelo toldo, amarelo…). Faça-me uma visita, no dia da abertura, e leve a família!
- Se me for possível, lá estarei…
Já agora tenho ali uma coisa que lhe deve interessar. Trouxe de França (e já tinha saído do carro, aberto a mala e tirado uma caixa, que pela rotulagem, devia conter uma máquina fotográfica de uma conceituada marca e alto preço.) Não a vou utilizar mais, porque o restaurante não me vai dar tempo, mas, para si fica-lhe por dez contos. É praticamente dada, mas é melhor ficar nas mãos de uma pessoa conhecida…
- Tenho pena, meu amigo, mas comprei há menos de duas semanas a máquina dos meus sonhos. Portanto não necessito dessa…
- Mas pode ficar com ele e vendê-la e ganhar um bom dinheiro…
- Então também você pode vende-la e ser você a ganhar o dinheiro. Sugiro que discretamente, sonde entre os clientes do restaurante, quem lhe pareça estar interessado em a comprar por um preço justo…
- Ainda não consegui estacionar o carro para levantar dinheiro. Tem algum que me empreste que eu pago-lhe quando nos encontrarmos no restaurante?
- Também estou sem dinheiro, mas há uma ATM ali dentro. Se deixar aqui o carro só para ir levantar o dinheiro, ninguém vai multá-lo…
Ainda eu não tinha acabado a frase e já o “dono do restaurante” tinha entrado no carro, atirado a caixa para o banco ao lado do condutor e arrancado, a acelerar, curvando à esquerda, altura em que um estrondo, denunciava a batida, num pino de ferro, que amachucou a porta traseira direita do Mercedes. E lá foi praguejando, sem parar, enquanto eu ria a bom rir…

A história só não pegou, provavelmente, porque, em função das anteriores situações, comecei a desconfiar da insistência em pormenores que não poderia confirmar de imediato; tive a confirmação de que era tentativa de burla com a oferta da pechincha.

4 – Um dia de manhã, em Outubro ou Novembro do ano passado, na Praça do Bocage, em Setúbal, na zona de estacionamento, frente ao Clube de Oficiais, pára um carro, conduzido por um indivíduo novo, com uma rapariga ao lado, que, à primeira vista, seria namorada. O condutor, dirigindo-se a mim:
- Então como vai? Já não o via há muito tempo.
- Estou bem, muito obrigado…
- Já não me conhece! Sou o Rui, que trabalhava na farmácia onde é cliente! De repente esqueci o seu nome…
- Manuel…
- Exactamente, um nome tão conhecido e agora não me lembrava!
- Mas olhe que deve estar enganado. Na farmácia há efectivamente um empregado chamado Rui, mas nem sequer é parecido consigo. Se calhar é outra farmácia, está a confundir-me com alguém com o mesmo nome…
- Não, senhor Manuel! O Rui que você diz, foi o que entrou para me substituir…
- Mas eu sempre me lembro dele na farmácia…
- Porque pouco depois de ter começado a ser freguês da farmácia eu saí e estou agora na Vorten. Se precisar de comprar lá alguma coisa, mande chamar-me se quiser ajuda… Já agora, tenho aqui isto, que lhe posso oferecer…
- Não é preciso, muito obrigado! Amanhã ou depois, passo pela Vorten. Até breve!
E afastei-me…
Pontos fracos: muitos, mas o meu nome falso, confirmado de imediato pelo burlão, foi suficiente para não me deixar qualquer dúvida.
 
Alvos mais apetecíveis
(foto do Google)
Por sorte – ou por andar de “pé atrás” com conhecimento outras de burlas que, em comum com estas tentativas tinham o facto de os indivíduos nos quererem fazer crer que são nossos conhecidos que já esquecemos, deslocarem-se em carro, e trazerem qualquer coisa para nos oferecerem –, não caí no “conto de vigário”. Desprevenido, talvez tivesse caído na primeira tentativa.

Numa abordagem desta natureza, aconselho a que tome as seguintes atitudes e decisões:
1 – Cada vez que eles procurem “lembrar-se” de qualquer coisa ou pormenor, sugira-lhes um dado falso;
2 – Nunca pegue na ”prenda”;
3 – Vá conferindo, mentalmente a conversa, procurando contradições;
4 – Mantenha sempre a declaração que não se lembra deles;
5 – Nunca mostre dinheiro ou qualquer objecto que lhe peçam em pagamento ou a título de empréstimo;
6 – Afaste-se deles quando passe alguém perto de si;
7 – Apresente queixa na Polícia, dando informação, tão completa quanto possível, do aspecto dos indivíduos e os possíveis dados relativos ao carro (cor, marca e, caso consiga, memorize a matrícula).


Andam por aí vários burlões/ladrões, em acção, designadamente, no Bairro do Liceu, Avenida Luísa Todi, etc.
Estejamos prevenidos e atentos!

Setúbal, 7 de Junho de 2013
Paulo Eusébio.


Este texto foi escrito em Português. Se os “acordistas” o quiserem compreender,  ainda estão a tempo de aprender a Língua Pátria. (Decreto n.º 35:228 de 8 de Dezembro de 1945)