Até agora, os concelhos de Sesimbra e Seixal, têm estado atribuídos ao Hospital Garcia de Orta, em Almada, concelho que por si só era suficiente para ocupar toda a dimensão daquela unidade hospitalar (que foi inaugurada já sub-dimensionada, em relação às reais necessidades do concelho de Almada), e que com a sobrecarga dos dois concelhos adicionais, há muito rebentou pelas costuras.
Durante anos as populações dos três concelhos envolvidos estiveram na expectativa de o problema ser resolvido com a construção de um novo Hospital que servisse o Seixal e Sesimbra. Foram até aventadas hipóteses de localização, uma delas próxima do cruzamento da EN 10 com a EN 378, o que teria a dupla vantagem de maior proximidade dos utentes de ambos os concelhos ao hospital que lhes era dedicado e, por outro lado, se devolver ao Garcia de Orta a possibilidade de ser o hospital de referência que há muito deixou de ser, pese embora a competência, dedicação e saber da grande maioria dos seu pessoal médico, de enfermagem e auxiliar.
O Hospital Garcia de Orta rebentou pelas costuras. (foto obtida na Net) |
Mas longe de se resolver esse problema, outras foram as opções, inclusive com obras de fachada, onde se gastaram e continuam a gastar milhões de euros, como foi o caso - o mais gritante! - do Metro de Almada, obra desnecessária, que a teimosia, incompetência e delírio de uma autarca irritadiça e prepotente conseguiu levar por diante, contra avisos e chamadas de atenção dos mais diversos sectores. E o resultado está à vista: o Metro não sofre prejuízos porque o erário público os cobre integralmente, apesar de os comboios circularem "às moscas", ou quase. E só não se referem aqui todos os nefastos efeitos do "comboio da presidente", para não me alongar mais do desvio do assunto que me propus tratar hoje. Só digo que se a "presidente" tivesse tido o mesmo empenho e determinação no sentido de ajudar a resolver o problema de base do Hospital Garcia de Orta, o Hospital de Sesimbra e Seixal, estaria hoje em pleno funcionamento e sabe-se lá se algumas vidas teriam sido salvas, das que eventualmente não o foram por manifesta impossibilidade de a Urgência atender todos os casos em tempo realmente útil.
O Hospital de S. Bernardo corre o risco de perder capacidade de resposta e de excelência de serviço por sobrecarga de utentes. (foto obtida na Net) |
É sabido que a qualidade do serviço hospitalar público (eu próprio o posso testemunhar), é, de um modo geral, muito superior ao privado. Os motivos ficam para outra oportunidade.
Conscientes dessa realidade estes vendilhões do País que querem é privatizar, entregando tudo a amigos por preços simbólicos, tudo vão fazendo para baixar a qualidade dos serviços prestados. Assim está a acontecer, por exemplo com a RTP e com a TAP, assim como a outras empresas, já privatizadas, cuja baixa de qualidade, continuou após a privatização, com os dantes reclamantes perante qualquer falha, agora calados que nem ratos (que efectivamente são!).
Quanto piores forem os serviços prestados, mais baratas ficam as empresas, e os amigos dos decisores podem comprá-las ao preço da chuva.
Regressando aos hospitais, a lógica é a mesma. para além das unidades já fechadas - o caso mais escandaloso será o da Maternidade Alfredo da Costa! - os suspeitos do costume estão à espreita preparados para dividirem entre si o património do Serviço Nacional de Saúde, transformando-o em mais uma fonte de lucrativo negócio, que de saúde não precisam, porque só serve para prolongar a vida dos inactivos que já produziram o que tinham a produzir...
Setúbal, 9 de Abril de 2013.
Paulo Eusébio
Este texto foi escrito em Português. Anda para aí um lixo a que clamam "acordo" que não conspurca o que escrevo.