Hoje
muitos namorados e namoradas andam eufóricos: é o dia deles, segundo alguém,
com interesse no comércio de inutilidades, decretou.
A
data coincide com a do aniversário da morte de um tal São Valentim, que a
Igreja Católica retirou do seu calendário litúrgico, em 1969, por falta de
provas históricas, suficiente para pôr em causa existência de tal personagem,
pelo menos nos moldes em que a sua vida é narrada tradicionalmente.
Esta
coisa do “dia dos namorados” encerra algumas curiosidades que eu não posso
deixar passar em claro.
Torço
sempre o nariz a uma grande parte dos dias comemorativos, de que este não foge.
Não seria natural que o namorado, ou a namorada, dedicassem cada dia da sua
vida à felicidade da sua amada, ou do seu amado? Não é assim, pelo menos, que
nos é dado observar. No dia de “São Valentim” são as florzinhas, é o
jantarinho, é a bugiganga que não serve para nada, a não ser a desobriga de
oferecer qualquer coisa… e nos outros dias? Não há nada para ninguém! São as
desculpas esfarrapadas, os assuntos do próprio, com prejuízo dos comuns aos
dois, são as desatenções, etc.. Não seria mais lógico ir compartilhando o amor
mútuo diariamente, com esmero, mantendo-o viçoso, assinalando a data de
aniversário de início do namoro, em vez de engrossar toda essa multidão de
comemorandos?
A
data escolhida tem um fundo suficientemente lamecha para motivar namoradinhas -
a vida do “santo”, segundo a lenda. Só que desta vez saíram as contas furadas:
o santo foi posto fora da igreja 43 (quarenta e três) anos antes de a vaca e o
burro serem expulsos de Belém. Mas nem por isso os promotores do consumismo
esmoreceram. O dia continua a ser assinalado, com apoio dos media, como se o santo fosse o mais genuíno e mais celebrado.
Nunca
fui entusiasta destes dias. Para mim, enquanto pude comemorá-lo, porque tinha
com quem celebrar, o meu (nosso) dia de namorados foi o 28 de Fevereiro…
Setúbal, 14-02-2013
Paulo Eusébio