Antes de tecer as
breves considerações que aqui deixo, quero declarar que a amizade muito
especial que me liga à poetisa Paula Raposo não me impede da maior
imparcialidade ao abordar a sua obra poética, num apontamento ligeiro e
despretensioso. Não seria capaz de o fazer de outra maneira, nem a Autora mo
perdoaria, se o não fizesse.
Mais deixo bem claro
que não sou crítico literário, nem tenho qualificação para o ser. Mas o facto
de não ser enólogo não me impede de saborear e gostar de um bom vinho. A
poesia, acho eu, tem várias semelhanças com o vinho: um aroma próprio, um sabor
distinto, e estimulante que permanece para além do momento em que o degustamos.
O vinho para ser bem
apreciado deve ser bebido lentamente, saboreado sem pressas, tirando assim todo
o partido da simbiose entre paladar e aroma.
Li e reli, sem
pressas, saboreando, os dois últimos livros de poesia de Paula Raposo:
“Insubmissa: o lado errado numa linha imaginária” e “O Laço Impenetrável do
Silêncio”, ambos editados pela Chiado Editora.
Deixei passar algum tempo, para
sentir o efeito prolongado, como se de um vinho se tratasse.
Fiz bem.
A impressionante
facilidade com a poesia brota de Paula Raposo, permite que, além dos sete
livros de poesia já publicados, colabore em publicações colectivas, e “poste”
na sua página de Facebook e no seu blogue próprio (http://asminhasromas.blogspot.pt/),
para além da colaboração poética que deu até há mais de um ano, a um blogue
erótico, tudo numa produção de quantidade elevada mas não de menor qualidade.
Estão já prontos a editar mais dois livros.
Paula Raposo, navega
nos mares da Esperança, do Amor e do Erotismo, numa zona em que águas destes
mares se ligam e interpenetram, num estilo por vezes suave, outras, intenso,
libertador do que lhe vai na alma. Cada poema é como uma bela laranja, de casca
fina, sumarenta e refrescante, onde se descobre perfumada doçura, mesmo quando
a solidão, a amargura ou o desencanto possam quebrar a doçura do fruto.
A poesia brota de
todos os poros de Paula Raposo fluindo com a mesma naturalidade com que a
Autora respira.
Os seus poemas, ricos
em conceitos e mensagens, não deixam o leitor indiferente, permanecendo na
memória o sabor que se entranhou.
Dizia alguém, na minha
juventude, que as essências raras se guardam em frascos pequenos.
A poesia de Paula
Raposo, é uma essência rara, cada dose (poema) não é extensa nem rebuscada, mas
tem uma intensidade que nos leva a, degustada uma, nos servirmos de outra, e
mais outra, sem pressas tirando todo o proveito de uma leitura que dá prazer.
Setúbal, 23 de Janeiro de 2013
Paulo Eusébio