Quem, em férias «cá dentro», desviando-se das praias saturadas, vá em busca do
Portugal interior, arrisca-se a ter uma série de surpresas, se não tiver quem
avise do que poderá encontrar.
A cabeça do Velho observa... |
Durante
uma semana, em Agosto último, com base no concelho de Gouveia, andei pelos
Montes Hermínios. Como Viriato, em caso de emergência, não tinha meio mais
eficaz que um valente berro, se necessitasse de socorro para mim, ou para
alguém que comigo estivesse e necessitasse de ajuda que eu não lhe pudesse proporcionar.
Berrar não é o meu forte, até pela minha rouquidão, e, afora isso, fosse a
minha voz bem sonora e troante, no meio de uma estrada de reduzido movimento, em
local afastado de qualquer habitação, o meu berro não seria ouvido por ninguém.
...os fumos, lá longe. |
Perguntar-me-ão:
“Porque não levaste o telemóvel contigo? Bastaria ligares o 112 em caso de
emergência geral ou o 117, se avistasses qualquer nova coluna de fumo, para além
das que ofuscavam o Sol, e te dificultavam a respiração, por obra daqueles que
tudo incendeiam, ficando quase sempre impunes, mesmo que detidos e presentes a juízes que lhes aplicaram, como medida de coacção termo de identidade e residência, que que muitas vezes aproveitam para, a caminho dos locais de
apresentação periódica, ou já no regresso, lançarem mais umas
acendalhas?”.
A Muitos quilómetros de distância, o fumo lançava a sua cortina. |
A pergunta, aparentemente pertinente, não tem em conta que, deslocando-nos em certas zonas do País, por estradas dos Séculos XX ou XXI, mergulhamos no reino das comunicações do Século XIX. Eu levava telemóvel, “dual-sim” com cartões de operadoras diferentes e todos os que comigo viajavam também eram portadores dos seus celulares. Há, no entanto, um pormenor a ter em consideração: não havia rede de nenhum dos operadores! Foi isso que me fez mergulhar nos Montes Hermínios, quando demandei a Serra da Estrela. É isso que acontece em muitas parcelas do «Portugal Profundo», de Norte a Sul!
Alguém impôs aos amigos do costume que cumprissem essa simples obrigação de tornar possível ao assinante - que paga para isso! - falar, usando o seu telefone de bolso, para quem estivesse noutro qualquer ponto do Território, ou só lhes disseram que, além das chamadas e mensagens possíveis nas áreas que decidissem cobrir, estavam autorizados a usar toda a espécie de estratagemas para sacarem mais algum – resultados de futebol (só para 3 clubes, que os outros não são ninguém, pois não têm numero suficiente de tansos que tornem rentável esse serviço), o tarot da Maya, estreias de cinema, Euromilhões, etc. – ou lançarem-se em novos serviços integrados concorrendo em áreas cujos operadores se alargaram simultaneamente os seus negócios ao telefone móvel?
Alguém impôs aos amigos do costume que cumprissem essa simples obrigação de tornar possível ao assinante - que paga para isso! - falar, usando o seu telefone de bolso, para quem estivesse noutro qualquer ponto do Território, ou só lhes disseram que, além das chamadas e mensagens possíveis nas áreas que decidissem cobrir, estavam autorizados a usar toda a espécie de estratagemas para sacarem mais algum – resultados de futebol (só para 3 clubes, que os outros não são ninguém, pois não têm numero suficiente de tansos que tornem rentável esse serviço), o tarot da Maya, estreias de cinema, Euromilhões, etc. – ou lançarem-se em novos serviços integrados concorrendo em áreas cujos operadores se alargaram simultaneamente os seus negócios ao telefone móvel?
Nas
serras, em muitas Reservas Naturais, o fogo lavrou, extinguindo grande parte da
nossa floresta, com consequências dramáticas, além da perda de oito vidas
humanas (oito até ao momento em que escrevo), na extinção de ecossistemas, na
interrupção de cadeias alimentares, no agravamento de doenças, pela perda de
qualidade do ar, e no empobrecimento geral do País já tão agredido por outras
vias e diligentes agentes.
Quem
são os criminosos a quem se deve esta destruição pelas chamas?:
Os
que, Estado incluído, não limpam nem deixam que lhes limpem as florestas que lhes pertencem ou estão confiadas?
Os
que por adorarem o espectáculo, lançam fogos simultâneos em diversos pontos?
Os
que, por interesses imobiliários, mandam queimar áreas, onde, fintando a Lei,
irão construir mais tarde?
Os que, pagos por estes últimos, incendeiam as
citadas áreas?
Os que se aproveitam dos baixos preços da madeira ardida,
abatida em consequência de fogos que mandaram incendiar, aumentando os seus
lucros por essa via?
Os que, por uma qualquer vingança ateiam fogos?
Os que…?
E
não seria também de incluir entre os criminosos os que operando apenas com os
olhos na maximização do lucro, só disponibilizam o serviço de cobertura celular nacional apenas onde ele é rentável, pelo potencial número de assinantes por
hectare, mergulhando o resto de Território numa mancha negra de silêncio?;
Os que por negligência contratual, permitem que isso aconteça?;
Por último, os que desculpando-se com mil e um argumentos vão reduzindo paulatinamente Serviços Públicos, material e humanamente, tornando o Estado em mero agente de extorsão?
Deixo
estas perguntas a quem me ler, como base de meditação e busca de soluções para impor aos responsáveis políticos que tão cegos e surdos têm andado, excepto,
para o que convém aos interesses próprios e aos dos seus dilectos amigos, que finalmente cumpram os mandatos para os quais os elegemos e para para cujo cumprimento lhes pagamos ( muito mais do quem têm demonstrado merecer).
Setúbal, 7 de Setembro de 2013
Paulo Eusébio
ESTE TEXTO FOI ESCRITO EM PORTUGUÊS, EM VIRTUDE DE O AUTOR NÃO PACTUAR COM A DESTRUIÇÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA QUE TEIMOSAMENTE TÊM PROSSEGUIDO, ESCUDADOS NUM "ACORDO" ILEGÍTIMO E INEXISTENTE.