terça-feira, 26 de junho de 2012

AVALIADORES DE PANTUFAS

   Ainda haverá quem duvide que estamos entregues a uma organização de indigentes mentais que tendo-se apoderado dos centros de decisão está a conduzir todo o Povo para uma situação de pobreza total, enquanto vão dando conta de sinais de recuperação que só as suas mentes delirantes conseguem vislumbrar?
    Agora andam a avaliar imóveis sem saírem dos gabinetes, pois com as  pantufas calçadas devem trabalhar melhor e não correm o risco de se constiparem, com as diferenças de temperatura do exterior dos gabinetes. 
    Chega-me notícia de uma fracção, de um imóvel, em Loulé, que teve entre 2001 e 2009, três mudanças de situação por motivo de óbitos, portanto reavaliada recentemente, e que sujeita a nova reavaliação, datada de 16 do corrente mês de Junho do ano da desgraça de 2012, sofreu um aumento de 49,523% do Valor Patrimonial Tributário.



    Loulé, apesar de ser no Algarve, é uma cidade que não tem grande movimento turístico, portanto o argumento da localização, se o quiserem invocar, cai pela base. As fotografias que acima publico foram feitas no dia 27 de Agosto - mês alto do turismo - de 2011, sábado, cerca das 14 horas, todas elas, sendo bem visível o movimento de pessoas que havia na cidade.
    Não se percebe como num País com centenas de milhar de fracções imobiliárias para vender, cujos preços estão em queda por falta de compradores - as leis dos mercados funcionam mesmo, quando não há factores de perturbação! - os gaspares avaliam aumentando o valor tributário, em lugar de o diminuírem acompanhando o valor real destes.
    Será que os métodos  de avaliação foram cedidos pelos mesmos que avaliaram o lixo financeiro que certos bancos andaram a vender, e que levou o País ao estado calamitoso em que vivemos, porque, a todo o custo, tiveram de salvar a património dos vigaristas que andaram armados em banqueiros, e nós que não fomos tidos nem achados, nessa negociata é que temos de pagar com o que já não temos?
     As amizades têm destas coisas: o contágio dos vícios e a irresponsabilidade de quem vê ouro onde apenas há lodo.

Setúbal, 26 de Junho de 2012

Paulo Eusébio

quinta-feira, 21 de junho de 2012

CGD - INSTITUIÇÃO MODELO

   Quem pense que a Caixa Geral de Depósitos é uma bagunça onde se absorvem os prejuízos causados em instituições bancárias por safados disfarçados de banqueiros, está redondamente enganado. Nem um simples vigarista de meia tigela - conta em que, decerto, os responsáveis da Caixa têm os seu clientes normais - escapa ao pagamento do que o Banco do Estado entende cobrar-lhe.
     Passemos aos factos comprovativos do que acima se afirma:
    Em 11 do corrente mês de Junho, do Ano da desgraça de 2012, um cliente dirigiu-se a um dos balcões da Caixa com a intenção de encerrar uma conta de que não necessita mais, pois tem outra por onde recebe a sua pensão e pela qual faz todos os pagamentos em débitos directos. Feitas as contas de débitos que teria por pagar, quem o atendeu ao balcão informou o cliente que tinha despesas a pagar (cartão multibanco, que não chegou a utilizar, e custos de abate de cheques antigos que não tinha em seu poder, por já os ter destruído, pois só agora lhe foi dito que, como eram anteriores a lei que limita a validade a partir da data de emissão, podiam ter servido para levantamentos ao balcão) que importavam em 90,84€. O cliente se comprometeu-se a transferir, por "homebanking", logo que chegasse a casa, a importância reclamada tendo-o feito, como combinado. No dia seguinte,  o cliente voltou ao balcão da Caixa, onde foi informado de que, afinal, tinha havido um lapso nos cálculos, e que devia mais noventa e seis cêntimos, para além da importância transferida, o que o cliente pediu que fosse feito de imediato, por débito da sua conta activa. E assim se fez. E o cliente foi informado de que se houvesse qualquer outro problema ou impedimento para o encerramento da conta, lhe seria comunicado telefonicamente. Era o dia 12 de Junho de 2012.





     Hoje, 21 de Junho, o cliente recebeu da Caixa Geral de Depósitos, via correio normal a missiva acima, de que eu me sirvo para provar a excelência de qualidade dos serviços da Caixa Geral de Depósitos, nunca é demais repetir o nome, sua lisura de trato com os cientes e a consideração que lhes merece quem lhes dá dinheiro a ganhar, pois têm presente, como se presume, que é com o dinheiro dos depositantes que farão normalmente os seus negócios. Mal andariam se não fosse!
     Uma instituição (financeira) tão ciosa dos dinheiros que tem à sua guarda que ameaça o cliente supostamente incumpridor com acções que decerto lhe sairiam muito mais caras que um telefonema para pedir, por favor, que "passe por cá quando puder" - e o cliente iria na hora - não pode ser confundida com a outra Caixa Geral de Depósitos que assumiu os prejuízos cuja ordem de valor é pública, com a salvação de um covil de ladrões e vigaristas, e sabe-se lá que mais, da pior espécie, enquanto a justiça que temos deixa à solta a maior parte deles, alguns dos quais já se piraram, não fosse o diabo tecê-las e o Pais acordar.

terça-feira, 5 de junho de 2012

O VERDE QUE SUSTENTA A VIDA

   (dedicado aos homens de amanhã, porque os de hoje estão demasiado viciados)

  Este Ano o Brasil foi o país escolhido para sede do Dia Mundial do Ambiente, que hoje, 5 de Junho, se celebra.
  O Brasil contém, no seu território, o maior pulmão do Mundo - a Bacia Amazónica - com as suas incontáveis espécies botânicas e zoológicas, criminosamente atacadas por traficantes de madeiras raras e de animais exóticos, e pelos avanços do chamado "progresso", que, movido por interesses criados e mantidos pela ganância de alguns poderosos, vão avançado estradas e fixando populações em locais que nunca deveriam deixar de ser floresta natural.
   
     Não pretendendo ser exaustivo nestas reflexões, deixo de fora outros aspectos, como o garimpo e as queimadas, provocadas criminosamente, levadas a cabo pelos destruidores da floresta, cuja acção contribui para a poluição, por excesso de dióxido de carbono, com os reflexos conhecidos nas camadas superiores da atmosfera e os efeitos na diminuição da capacidade de filtração dos raios solares ultra-violetas, causadores ou aceleradores de doenças gravíssimas do nosso principal órgão protector - a pele.
   Para vivermos necessitamos de respirar. Mas ao respirarmos inalamos de tudo no ar que nos rodeia, do qual precisamos, essencialmente do oxigénio que, em condições normais, constitui 21% dos componentes. Não podemos, no entanto, nem seria viável inalar só oxigénio puro: a "combustão lenta" que é a função respiratória aceleraria e a nossa vida decorreria em muito menos tempo que o normal. Ora, o problema nem chega a por-se porque há um outro gás, o nitrogénio, também conhecido por azoto, que sendo 78% da mistura atmosférica, coloca o oxigénio na dose certa de acordo com as nossas necessidades naturais. O que resta da atmosfera é constituído por outros gases em 0,97%, poeiras e outros poluentes. 
    A reposição na atmosfera do oxigénio que os seres vivos consomem está a cargo das plantas verdes. Estas têm a capacidade única de captarem o gás carbónico que os seres vivos, com elas incluídas, expelem na respiração e servindo-se da clorofila, a substância que lhes dá a cor verde, e aproveitando, num processo complexo, a energia contida na luz solar, decomporem o gás carbónico nos seus elementos: oxigénio, que lançam na atmosfera e carbono, que combinado com sais minerais contidos na  água que absorvem, principalmente pelas raízes, transformam em matéria orgânica que incorporam nos seus tecidos constitutivos.
    Assim, as plantas, estão na base de todo o desenvolvimento da vida no nosso Planeta. Mas não se limitam ao papel descrito. Fonte de alimentação dos herbívoros as plantas verdes levam-lhes tudo que foram buscar à natureza, permitindo-lhes uma vida que sem elas seria impossível, pela sua incapacidade de digerirem matéria inorgânica. Os herbívoros, por sua vez, alimentando os carnívoros e omnívoros, são, no extremo da cadeia, os portadores finais do produto fabricado pelas plantas verdes.
    
    Às vezes sentado num banco de um jardim, em ambiente calmo e repousante, dou comigo a magicar nestas coisas.
   
    Cada vez mais difícil de obter, por negligência, muitas vezes criminosa de alguns, e indiferença de outros, que poluem as suas fontes naturais, como se estivessem a fazer a coisa mais natural e legítima, a água com qualidade para ser consumida e incorporada na nossa alimentação ou bebida para nos matar a sede, carece cada vez mais de processos sofisticados de tratamento, que a tornam cara e escassa.
    De um bem considerado, há pouco mais de meio século, inesgotável, e naturalmente renovável a água começa a escassear em condições de poder ser consumida.
    Voltemos às cadeias alimentares: se a água alguma vez chegar a ser tão poluída que os animais que comam as plantas que a tenham absorvido morram envenenados, o homem terá atingido a sua última etapa - A auto-destruição.

 Nota: Nenhuma das fotografias utilizadas nesta reflexão foi obtida fora de território português.

Setúbal, 5 de Junho de 2012

Paulo Eusébio

sexta-feira, 1 de junho de 2012

BREVES REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA

    Hoje comemora-se o Dia Internacional da Criança.
    A decisão de dedicar um dia, anualmente, à Criança resultou de decisão da Organização das Nações  Unidas (ONU), sob proposta da Federação Democrática Internacional das Mulheres feita em 1950, na sequência da tentativa, desenvolvida desde 1946, por um grupo de países integrantes da ONU, de resolução dos gravíssimos problemas de toda a ordem que afectavam as crianças, em consequência do descalabro geral em que a Grande Guerra, terminada no ano anterior, deixara o Mundo.
    A primeira comemoração, sob este desígnio, ocorreu logo no primeiro dia de Junho de 1950.
    Como todos os «dias internacionais», uma das finalidades desta data é a de cada um de nós reflectir sobre as evoluções conseguidas, ou sobre as preocupações que devemos ter a cada momento durante todo o ano, para atingirmos ou nos aproximarmos do ideal de Justiça dos princípios enunciados na declarações  geralmente proclamadas, merecedoras do acordo declarado de (quase) todos os povos, embora constantemente desprezadas por muitos dos que têm a obrigação de as fazer respeitar.

   Vou colocar aqui o resultado de numa breve reflexão sobre algumas preocupações que se me oferecem sobre esta temática.
    «O sonho é uma constante da vida», afirma o poeta, e de certo modo, sabemos todos a importância que sonhos realizados tiveram, têm e terão no progresso da Humanidade. Utopias de ontem são realidades banais hoje. Mas até o sonho com toda a capacidade de mudança de estilos de vida e mentalidades carece de uma certa consciência do sua natureza, que não nos faça esquecer nunca a terra em que temos assentes os pés.
    O futuro tem de ser apoiado em alicerces, sólidos e seguros, não devendo apresentar a fragilidade de uma bola de sabão, por mais bela que seja, que de tão efémera, se assemelha a pura ilusão.
    Ao invés, o futuro deve construir-se com as ferramentas que possibilitem o trabalho e a mobilidade nas teias que a vida tece ao longo dos tempos. Só assim as crianças estarão aptas a vencer as dificuldades que a vida lhes colocará no percurso das suas vidas, com as alegrias, tristezas, êxitos e frustrações, que o pavimentarão.
    Todo o percurso da vida, naturalmente, se desenvolverá em diversos ambientes. Poucas coisas serão tão mutáveis como os "ambientes", cada vez mais artificiais e virtuais, como se a vida não fosse mais que uma realização televisiva dispondo das mais modernas tecnologias. Por isso é cada vez mais indispensável o contacto, com a frequência possível, com a natureza.
    A Natureza, nos seus inúmeros aspectos, possibilitará o desenvolvimento equilibrado e harmónico de cada criança, que atingida a idade adulta, se transformará num ser naturalmente bom e socialmente útil.

Setúbal, 1 de Junho de 2012

Paulo Eusébio